Resgate da memória empresarial envolve colaboradores
Dizem que quem conta um conto aumenta um ponto. Isso é mesmo verdade, não há como negar. Mas não há mal algum nisso. Se o que escrevemos permite uma pitada de imaginação e criatividade, que seja. Mas quando se trata de uma história institucional, a coisa muda de figura. E tem mesmo que mudar, pois estamos falando de uma biografia autorizada que merece ter, como itens primordiais, narrativa zelosa e fatos precisos.
O gosto pelo fazer e a gratificação tomam conta não só da equipe que está na linha de frente da produção, apurando os fatos, vendo-os se descortinarem e a história ser revelada, fio a fio. Também os que participam contando sua parte na história se sentem prestigiados como pertencentes, muitas vezes, por muitos anos, de um todo do qual se orgulham. Estes contadores da história têm que vasculhar arquivos, anotações, caixas de lembranças (para os mais zelosos, que costumam guardá-las) em busca de acontecimentos muitas vezes já tidos como arquivados pela memória.
O clima interno da empresa também se assanha. É visível a movimentação em torno de algo que está acontecendo, embora não seja possível identificar, num primeiro momento, aonde aquilo tudo vai dar. Até porque a história revela-se a si mesma. É ela própria que dá as pistas de como poderá ser contada e celebrada, mediante a descoberta dos marcos, dos pontos fortes, das fraquezas e desafios.
O processo de apuração e depuração da história corporativa é revelador. É muito raro que alguém saiba todos os fatos ocorridos ou tenha vivenciado diversos períodos. Não é isso o importante, mas sim que as fontes sejam bem escolhidas, vindas dos gabinetes ao chão de fábrica. Ocorre com boa frequência que os mais saborosos trechos das histórias corporativas se originam de colaboradores que não eram hierarquicamente importantes.
A etapa do levantamento histórico será a base para se fazer qualquer conteúdo posterior sobre a memória empresarial. O fruto pode ser um livro, documentário, vídeo, exposição, revista, almanaque ou outro produto, mas o fato é que o ponto de partida é a apuração metódica e primorosa de toda a história. Sem conteúdo consistente, obviamente, nenhuma ação posterior se sustenta. Nem só de fotos dos momentos festivos, coquetéis de lançamento, assinaturas de contratos e convênios se faz uma história. Meras imagens, desacompanhadas de uma contextualização, quase sempre querem dizer quase nada.